Dirigente máximo da F1, Bernie Ecclestone descartou, ao menos por enquanto, a inclusão do Catar no calendário do Mundial. Ainda que o país árabe conte com o apoio do vice-presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Nasser bin Khalifa al-Attiyah, e tenha oferecido ao britânico uma proposta de 50 milhões de libras (cerca de R$ 225 milhões) por ano para receber uma prova da categoria, Ecclestone não quer desagradar o Bahrein e entende que três corridas no Oriente Médio são suficientes.
Palco da quarta etapa da temporada 2015 do Mundial, o Bahrein recebe a F1 desde 2004. Durante este tempo, o período mais tenso deste acordo ocorreu em 2011, quando a corrida, que representaria a abertura do campeonato daquele ano, foi cancelada em virtude da falta de segurança decorrida dos protestos da Primavera Árabe no país. Mas a parceria entre FOM (Formula One Management), empresa que detém os direitos da categoria, e o Bahrein, permaneceu inabalável.
E é em nome desta parceria com o Bahrein que Bernie pretende não aceitar a tentadora proposta milionária do Catar. No fim do ano passado, Ecclestone disse que tem um veto da parte do país insular em não realizar novas corridas no Oriente Médio para não ofuscar a corrida em Sakhir. E no último fim de semana, o britânico, ao ser questionado sobre uma possível inclusão do Catar, falou novamente sobre o tema. “Acho que nós já temos o suficiente aqui, não?”, indagou.
O dirigente confirmou que o Bahrein é contrário à ideia de uma nova corrida no Oriente Médio. “Fiz um acordo com o pessoal no Bahrein, e eles disseram: ‘Se vamos ser novos nesta região, que é o que nós somos, você vai nos garantir que não colocará mais nenhuma corrida em nossa região, no Golfo?”, disse. Geograficamente, o Bahrein é vizinho ao Catar, país que recebe a MotoGP no circuito de Losail e será sede da Copa do Mundo de 2022.
Filho de Hamad bin Isa Al-Khalifa, rei do Bahrein, o príncipe Sheikh Salman bin Isa Al-Khalifa já está em tratativas para renovar contrato com a F1, visto que o atual acordo expira em 2016. O príncipe, que também é o diretor executivo do circuito de Sakhir, negou o veto ao Catar ao citar o GP de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, mas em seguida falou sobre lealdade.
“Ouvi Bernie ser perguntado sobre isso, e ele mesmo não disse que duas corridas na região seria o bastante? Enfim, não cabe a nós dizer. Isso cabe ao detentor dos direitos. Recebemos Abu Dhabi, então vamos esperar e ver. Acho que Ecclestone valoriza a lealdade que temos mantido com ele. Como um homem de negócios, pela maneira como ele é, ele pede isso aos seus amigos. Realmente não tenho uma resposta para isso, mas não é nada sério”, disse Al-Khalifa sobre um possível veto do Bahrein à F1 no país vizinho.