Cinco engenhos deflagraram na capital do Emirado, Manama, matando dois varredores asiticos e ferindo um terceiro. Oposio e governo responsabilizam-se mutuamente pela srie de exploses. Os engenhos, “bombas feitas localmente”, deflagraram entre as 04:30 e as 09:30 da manh (01h30 e 06h30 GMT) nos bairros de Qudaibiya e de Adliya, em Manama, informou a agncia oficial BNA, citando fontes policiais.
O ministério do Interior referiu-se às explosões como “atos terroristas”. Já um líder da oposição e ativista de direitos humanos lembra que os ataques podem ser um estratagema das forças de segurança para justificarem um agravamento das medidas extraordinárias de segurança recentemente adotadas.
O governo da dinastia sunita do Bahrein proibiu manifestações e reuniões da oposição, alegadamente para garantir a segurança pública, após 21 meses de revolta da maioria xiita a exigir reformas e de protestos que estão a afetar negativamente a economia do Emirado.
Estratagema do governo
Matar Matar, do partido xiita Wefaq, duvida que os ativistas da oposição estejam na origem dos ataques desta segunda-feira, sublinhando que os líderes religiosos xiitas apelaram aos fiéis para que evitem uma escalada na revolta contra o governo.
Sugere em vez disso que a polícia, os militares, ou até uma força de segurança incontrolada, sejam os verdadeiros responsáveis.
“Este incidente é estranho. Qual é o interesse em atingir trabalhadores?”, perguntou Matar. “Receio que a polícia e os militares estejam a perder o controle das suas unidades ou isto visa declarar a lei marcial”, concluiu.
Investigação independente
A presidente em exercício do Centro do Bahrein para os Direitos Humanos, Maryam al-Khawaja apelou a uma investigação independente à morte dos dois trabalhadores, dado que “as autoridades do Bahrein têm por hábito espalhar desinformações.”
Al-Khawaja acrescentou que os ataques “não são razão para iniciar uma campanha de punição coletiva, de detenções arbitrárias e de tortura, como já vimos acontecer outras vezes”.
Revolta de 21 meses
Tanto manifestantes como polícias ficaram já feridos em protestos nos últimos meses mas ataques semelhantes aos de hoje são raros. A polícia refere apesar disso que desde abril tem sido atacada várias vezes com estes engenhos artesanais, incluindo uma ocasião em que morreu um agente, em outubro.
O Emirado do Bahrein fica no Golfo Pérsico e está comprimido entre dois grandes poderes regionais, a Arábia
Saudita, que o ano passado ajudou a dinastia sunita a oprimir a revolta
popular que entre fevereiro e março de 2011 fez 35 mortos, e o
regime xiita do Irão, que apoia a revolta. Praticamente todos os dias há
confrontos entre manifestantes e polícia de choque nos bairros xiitas. A maioria xiita do Bahrein queixa-se de discriminação no sistema eleitoral, no acesso a empregos, a casas e a educação, afirmando ainda ser maltratada em departamentos governamentais, pela polícia e pelo exército.
Acusa também o governo de não cumprir as promessas de resolver estas questões, apesar das afirmações do governo em contrário.
Desde o início da revolta em 2011 e após o fim dos dois meses de lei marcial que se lhe seguiram, já morreram cerca de 50 civis no Bahrein, de acordo com ativistas. As autoridades dizem que morreram dois polícias.
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