Samy Adghirni, correspondente da Folha de S. Paulo em Teerã, especial para a RFI
Os dirigentes dos seis países árabes fizeram duras críticas e cobranças ao Irã. Eles exigiram que o governo iraniano pare de se “intrometer” nos assuntos internos de seus países e acusaram Teerã de alimentar tensões políticas na região.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Ramin Mehmanparast, declarou à agência de notícias local Isna que “deslocar a responsabilidade dos problemas internos destes países é uma forma de fugir da realidade. Acusar países terceiros ou usar métodos repressivos não são a melhor maneira de responder às demandas da sociedade civil”.
O Conselho também manifestou total apoio aos Emirados Árabes Unidos na disputa com o Irã acerca de três ilhas situadas no golfo Pérsico. O controle sobre o Golfo Pérsico é um dos principais pontos de atrito entre árabes e iranianos.
Por fim, os mandatários anunciaram o reforço de sua cooperação militar diante do poderio iraniano, que o Bahrein chamou de “ameaça muito séria”. No mesmo dia, o Irã iniciou uma nova série de exercícios navais no Golfo Pérsico, que deve durar quatro dias. As manobras são vistas como uma demonstração de força no Estreito de Hormuz, um apertado corredor marítimo por onde passa um quarto da produção mundial de petróleo.
O pano de fundo desta movimentação regional é a desconfiança e a rivalidade históricas entre as potências islâmicas no Oriente Médio. Isso porque os países do Conselho de Cooperação são árabes, enquanto os iranianos são persas. A maioria dos árabes são muçulmanos sunitas, a maior parte dos iranianos, xiita. Há também a competição na produção e exportação de petróleo. Nesta luta, os países árabes do golfo recebem apoio do Ocidente, enquanto o Irã é cada vez mais isolado e pressionado por seu programa nuclear.
Outro ponto de divergência é a guerra civil na Síria. Teerã apoia o regime de Bashar Assad, ao contrário das monarquias árabes, que financiam os rebeldes. Segundo analistas, o objetivo dos países árabes do Golfo é derrubar o regime sírio para que o Irã perca um de seus últimos aliados na região.