Justiça do Bahrein condena líder opositor xiita a 4 anos de prisão …

16/6/2015 às 11h47

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Manama, 16 jun (EFE).- Um tribunal do Bahrein condenou nesta terça-feira o líder xiita Ali Salman, secretário-geral do maior partido da oposição, Al Wefaq, a quatro anos de prisão por insultar as autoridades e incitar a desobediência civil.
De acordo com um advogado presente na sessão, a corte considerou Salman culpado de criticar o Ministério do Interior e estimular a população a descumprir a lei, entre outras acusações, mas o absolveu de tentar derrubar o regime do país.
Em entrevista coletiva, o advogado Hassan Radhi disse que se o tribunal tivesse permitido a apresentação de provas da defesa, “a decisão teria sido diferente”.
Radhi acrescentou que a sentença não foi uma surpresa já que a defesa sabia que era impossível que Salman fosse considerado culpado de tentar derrubar as autoridades.
Após saber a sentença, a procuradoria do Bahrein anunciou em nota divulgada que deverá apresentar um recurso após Salman ter sido absolvido da acusação de forçar uma mudança de regime.
O Al Wefaq expressou nesta terça-feira seu repúdio à decisão judicial, que tachou de “nula e sem nenhuma base legal nem jurídica”, emoldurada em “uma campanha contra todos aqueles que reivindicam seus direitos de democracia, justiça e dignidade”.
O grupo opositor ressaltou que a mobilização nas ruas continuará e que os pedidos populares “legais e justos” serão mantidos sem mudanças até que haja um governo eleito, um parlamento e uma Justiça justa e independente.
A Anistia Internacional (AI) afirmou que a decisão é “surpreendente” e representa “outro exemplo claro de que o Bahrein não respeita suas obrigações internacionais”.
“O xeque Ali Salman foi condenado por apenas expressar suas opiniões pacificamente”, denunciou em comunicado o subdiretor da AI para o Oriente Médio e o Norte da África, Said Bumeduha.
A condenação contra o xeque xiita, preso no dia 28 de dezembro de 2014, um dia após ter sido reeleito secretário-geral do Al Wefaq, provavelmente complicará a delicada situação política do Bahrein, palco de protestos contra o governo desde 2011.
Salman negou todas as acusações recebidas na primeira sessão do julgamento, realizada em 28 de janeiro, e a defesa pediu sua libertação durante o processo, o que foi rejeitado pelo tribunal.
Na última audiência, no dia 20 de maio, o juiz não permitiu que o líder xiita completasse sua alegação e nem que a defesa apresentasse provas para provar sua inocência, segundo denunciaram seus advogados.
O Al Wefaq, principal partido da oposição do Bahrein e de confissão xiita, está na mira da monarquia sunita governante há anos.
No dia 15 de fevereiro, um tribunal confirmou a pena de seis meses de prisão contra outro dirigente do Al Wefaq, Sayed Jamil Kazem, por denunciar irregularidades nas eleições de novembro.
Nos últimos quatro anos houve protestos populares para pedir reformas políticas no Bahrein, um pequeno reino de maioria xiita, que foram reprimidos com a força pelos governantes sunitas. EFE
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