Livio Oricchio: carros com novidades ficam mais distantes da …

Livio Oricchio - Especialista GloboEsporte.com (Foto: GloboEsporte.com)

Frmula 1 Sebastian Vettel Ferrari Lewis Hamilton Mercedes treino GP da Espanha (Foto: AP)Vettel reconhece, após treino do GP da Espanha: diferença para Mercedes aumentou (Foto: AP)

Os pilotos podem não
demonstrar entusiasmo maior com o traçado de 16 curvas e 4.655
metros do Circuito da Catalunha, em Barcelona. Mas o engenheiros da
F-1 o consideram um laboratório perfeito para compreender as
qualidades e áreas a serem melhoradas nos seus carros.

– É uma pista que
exige tudo. Muita pressão aerodinâmica, bom motor, para chegar
rápido no fim da reta, tração e freios eficientes – costuma
dizer Adrian Newey, cujos carros, na Williams, McLaren e RBR, já
venceram 11 vezes o GP da Espanha.

É por esse exame
técnico ser tão severo que Sebastian Vettel, resignado, afirmou
neste sábado, depois de ficar em terceiro na definição do grid do
GP da Espanha
, atrás da dupla da Mercedes, Nico Rosberg, pole
position, e Lewis Hamilton, segundo:

– A diferença para eles
aumentou.

De fato, os números
confirmam a impressão do alemão tetracampeão do mundo. Rosberg
estabeleceu 1m24s681 e Vettel, 1m25s458. A diferença foi de 777
milésimos de segundo. Na definição do grid da etapa de Bahrein,
dia 19, por exemplo, Hamilton obteve a pole com 1m32s571 enquanto
Vettel ficou em segundo, 1m32s982. A diferença entre ambos foi de
411 milésimos, ou 366 milésimos menos que a imposta por Nico a
Vettel no Circuito da Catalunha.

As duas equipes se
apresentaram para a quinta etapa do campeonato com importantes
novidades nos seus carros. A Ferrari mudou assoalho, difusor,
aerofólios, defletores, dentre outras peças. A intenção era
encostar ainda mais na Mercedes. Mas o resultado num dos cenários
mais seletivos do calendário mostrou o oposto.

Pode ser que seja
algo específico com relação ao traçado catalão e em outras
pistas essa diferença seja menor. Mas em termos de velocidade, a
Mercedes respondeu a todos, profissionais da F-1 e fãs da competição,
estar ainda à frente da Ferrari.

– Acredito que na
corrida essa diferença será menor – afirmou também Vettel.

O GP
da Espanha, hoje, terá 66 voltas. E o desgaste dos pneus é uma
variável importante da equação que apontará o vencedor. Na
Malásia, com os mesmos pneus duros e médios da Pirelli, além do
calor elevado, Vettel ganhou exatamente por seu carro, ST15-T,
administrar melhor a degradação. Mas não foi o que a Ferrari
evidenciou na simulação de corrida de ontem. Vettel projetou sua
participação na prova, amanhã:

– Temos os mesmos pneus de Sepang,
verdade, mas o traçado é completamente distinto. Os nossos pneus
não estão trabalhando tão bem como lá. Parece que a performance
da Mercedes com os dois tipos de pneus é melhor que a nossa. Mas
acredito que em condição de corrida estaremos mais próximos.

Importante:
principalmente por causa da sensibilidade dos pneus Pirelli, por
vezes emerge algo durante a prova que permite a um ou outro carro
apresentar desempenho inesperado diante do produzido na sexta-feira e
no sábado. Não era previsto, no GP da Malásia, que Vettel pudesse
fazer dois pit stops, diante de três dos pilotos da Mercedes, e
vencer ainda na segunda etapa do campeonato.

Frmula 1 Nico Rosberg Mercedes treino GP da Espanha (Foto: EFE)Desgaste dos pneus pode ser uma variável importante na equação que apontará o vencedor na Catalunha (Foto: EFE)

Nada impede que em
Barcelona surja algo decisivo não evidenciado, ainda, e ocorra uma
surpresa. Trata-se de um cenário propício a esse tipo de resultado,
como foi a pole position e vitória de Pastor Maldonado, com
Williams-Renault, em 2012.

Nico Rosberg reagiu
neste sábado. Depois de perder as quatro disputas no grid para
Hamilton, vai finalmente largar na frente. E ainda mais importante
que a pole position foi perceber duas coisas: Hamilton acusou o
golpe. Na entrevista coletiva depois da definição do grid, o inglês
campeão do mundo tinha a velha expressão tensa quando os resultados
não são os esperados. Mais: Hamilton não escondeu estar
insatisfeito com o comportamento do modelo W06 Hybrid. “Sai de
frente.”

Será interessante
acompanhar como será a descida da reta e a disputa da freada da
curva 1 logo depois da largada. Hamilton sabe que a chance maior de
assumir o primeiro lugar é nesse momento. As ultrapassagens no
Circuito da Catalunha são historicamente difíceis, mesmo com o uso
do flap móvel, DRS. É uma situação potencialmente capaz de gerar
toques entre os adversários, apesar da recomendação explícita do
diretor da Mercedes, Toto Wolff, para que não se autoeliminem da
competição sob nenhuma hipótese.

Sebastian Vettel admite que vantagem das Mercedes de Nico Rosberg e Lewis Hamilton aumentou (Foto: Getty Images)Rosberg vai largar na frente de Hamilton na prova deste domingo (Foto: Getty Images)

Rosberg, por sua
vez, mais do que ninguém tem consciência da necessidade de infligir
uma derrota para Hamilton. Não apenas para reduzir a diferença de
pontos que o separa do companheiro, mas para mostrar que, a exemplo
do ano passado, já que dispõe do melhor carro do grid, pode lutar
pelo título. Depois das etapas da Austrália, Malásia, China e
Bahrein, Hamilton lidera o Mundial com 93 pontos, de três vitórias
e uma segunda colocação, enquanto Rosberg soma 66, de dois segundos
e dois terceiros.

O quarto tempo
registrado por Valtteri Bottas, da Williams, mostra o porquê do
finlandês ter cotação bastante elevada no paddock. E como lembrou
Felipe Massa, seu companheiro, apenas nono na classificação, por
errar na volta lançada no Q3, “a diferença de dois décimos (na
realidade 236 milésimos) de nosso carro para o novo da Ferrari é
uma boa notícia”. Ao longo das 66 voltas do GP da Espanha, a
exemplo dos GPs anteriores, a tendência parece ser de a Ferrari
ampliar a diferença imposta na classificação para a Williams.

Em Bahrein, enquanto
Kimi Raikkonen, segundo, recebeu a bandeirada a 3 segundos e 389
milésimos de Hamilton, o vencedor, Bottas, quarto, chegou a 42
segundos e 975 milésimos. No GP da Espanha, os treinos livres e a
classificação sugerem que ao final das 66 voltas essa diferença
seja menor.

Assim como no ritmo
de classificação a diferença da Mercedes para a Ferrari cresceu, o
mesmo se deu com a RBR. Seu melhor piloto, Daniil Kvyat, oitavo no
grid, com o tempo de 1m26s629, ficou a impressionante um segundo e
948 milésimos de Rosberg, praticamente dois segundos. E o modelo
RB11-Renault do russo e de Daniel Ricciardo, décimo, tem relevantes
novidades em relação ao usado até o GP de Bahrein.

Ao menos no GP da
Espanha e na condição de tomada de tempo, a RBR não apenas não se
aproximou dos melhores como ficou mais distante. O grupo coordenado
pelo novo diretor técnico, Rob Marshall, vai acompanhar, agora, de
perto, sua performance neste domingo para entender seu estágio de
desenvolvimento no parâmetro de corrida.

A responsabilidade
da Renault, parceira da RBR, pela queda de rendimento da equipe RBR
existe, mas é menos do que os homens da escuderia austríaca gostam
de atribuir. Ficou provado neste sábado. Como? É só observar o que
fizeram os espetaculares pilotos da STR, Carlos Sainz Junior, de 20
anos, quinto no grid, e o parceiro, Max Verstappen, 17 anos, sexto. A
STR utiliza a mesma unidade motriz da Renault da RBR.

Frmula 1 Daniel Ricciardo RBR treino GP da Espanha (Foto: Reuters)Com novidades no carro, RBR ficou ainda mais distante dos líderes (Foto: Reuters)

James Key, diretor
técnico da STR, introduziu novos componentes no conjunto
aerodinâmico do modelo STR-10-Renault que o deixaram muito veloz
numa pista onde, como os engenheiros dizem, representa a hora da
verdade dos projetos de F-1. A maturidade de Sainz Junior e Max na
definição do grid vai estar à prova, de novo, na luta para
manter-se à frente de pilotos que devem se aproximar com carros
possivelmente mais velozes, como Raikkonen, com a Ferrari na versão
de Bahrein, ainda, sétimo, e Massa, com a Williams FW37-Mercedes,
nono. O finlandês se sentiu mais à vontade com a versão anterior
do monoposto da Ferrari. Tem um inserimento melhor na entrada das
curvas, explicou.

Quem se interessa
por F-1 vai manter sua atenção também no andamento dos pilotos da
McLaren. Fernando Alonso e Jenson Button nunca pilotaram o modelo
MP4/30-Honda em tão boas condições durante todo o fim de semana.

– Considero possível chegar nos pontos pela primeira vez –
afirmou o espanhol, 13º no grid, enquanto Button é o 14º.

Nos testes de
inverno, não completavam cinco, seis voltas seguidas. No GP da
Espanha, tanto a equipe McLaren quanto os japoneses da Honda dão
sinais de avançarem bastante com o seu projeto. O caminho, no
entanto, ainda é longo. Alonso ficou a 3 segundos e 79 milésimos de
Rosberg no grid de Barcelona. E na última corrida, Alonso, 11º,
recebeu a bandeirada com uma volta a menos de Hamilton.

A largada do GP da
Espanha será às 9h (horário de Brasília) deste domingo, com transmissão ao vivo da TV Globo.

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