Atuando com o Bahrein, a Jordânia, o Qatar, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, os Estados Unidos realizaram mais de 160 ataques ao “Estado Islâmico” na Síria desde 23 de setembro.
Separadamente, as forças dos Estados Unidos também realizaram oito ataques contra uma rede de veteranos da Al-Qaeda chamada Khorasan, que haviam estabelecido uma base a oeste de Alepo e estavam planejando ataques contra o Ocidente.
Em 30 de setembro, a Grã-Bretanha lançou seus primeiros ataques aéreos contra alvos no Iraque. Os ataques aconteceram quatro dias após o Parlamento aprovar uma ação militar.
Refinarias de petróleo da Síria sob ataque
O presidente Barack Obama prometeu desmantelar a “rede de morte” do “Estado Islâmico” e, durante a noite de 24 de setembro, a coalizão liderada pelos americanos atingiu 12 refinarias de petróleo na Síria usando jatos de combate e drones.
Os ataques aéreos atingiram refinarias “de pequena escala” em áreas remotas nas proximidades de cidades sírias, como Mayadin e Hassakeh, de acordo com um comunicado do Comando Central dos Estados Unidos.
Acredita-se que estas refinarias produzam entre 300 e 500 barris de petróleo refinado por dia, gerando até US$ 2 milhões (cerca de R$ 4,9 milhões) por dia para os militantes, sendo assim uma das principais fontes de receita para o “Estado Islâmico”.
Os ataques realizados por aeronaves dos Estados Unidos, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos mataram 14 combatentes do grupo e cinco civis no leste da Síria, de acordo com ativistas.
No total, os Estados Unidos realizaram mais de 200 ataques contra alvos do “Estado Islâmico” no Iraque desde 8 de agosto.
Jatos franceses se uniram à missão no Iraque em 19 de setembro, realizando seus primeiros ataques no nordeste do país.
Um dos campos de batalha mais importantes do conflito em agosto era o entorno da Represa de Mossul – um local estratégico dominado pelos combatentes do “Estado Islâmico” e posteriormente retomado por forças curdas e iraquianas, apoiados por ataques aéreos americanos.
Combatentes do “Estado Islâmico” têm alvejado uma série de represas iraquianas durante seu avanço.
Eles conquistaram uma represa em Falluja em abril e partiram para tomar Mossul em agosto, mas foram obrigados a recuar após ataques aéreos americanos no final do mês.
Combatentes do “Estado Islâmico” também atacaram a segunda maior represa do país, em Haditha, mas os EUA dizem que seus ataques expulsaram os militante de um grande área no entorno da instalação.
A ascensão do EI
O rápido avanço do “Estado Islâmico”, grupo extremista nasceu como um braço de al-Qaeda no Iraque, deixou a região em caos.
O “Estado Islâmico” tem o controle de grande parte da Síria e do Iraque e, no final de junho, o grupo declarou que tinha criado um califado, ou “Estado Islâmico”, que vai desde Alepo, na Síria, até a província de Diyala, no Iraque.
Mossul – com população árabe majoritariamente sunita – caiu após o colapso das forças de segurança do Iraque. Apesar da vantagem em número de combatentes, muitos policiais e soldados simplesmente abandonaram seus postos e fugiram.
Combatentes já tinham tomado o centro da cidade de Falluja e partes da vizinha Ramadi em dezembro do ano passado.
Na Síria, os militantes do “Estado Islâmico” sitiaram a cidade fronteiriça de Kobane, onde estão lutando contra combatentes curdos.
Cerca de 140 mil moradores foram forçados a fugir para a Turquia. Ataques aéreos têm atingido os combatentes do “Estado Islâmico”.
Como o EI opera
Combatentes do “Estado Islâmico”, entre eles muitos jihadistas estrangeiros, são conhecidos por sua brutalidade.
Atrocidades supostamente cometidas por aqueles nas fileiras do grupo incluem sequestros, decapitações, crucificações, tortura e execuções sumárias.
Investigadores internacionais que reúnem provas contra os combatentes do “Estado Islâmico” montaram um quadro detalhado de como o grupo funciona, com o líder autodenominado Abu Bakr al-Baghdadi no comando.
Leia mais: De onde vem o dinheiro que financia o Estado Islâmico?
Diretamente abaixo dele, estão quatro conselhos consultivos: Sharia (lei islâmica); Shura (consulta); militar e de segurança. Os dois últimos são os mais poderosos.
Essa estrutura é replicada no comando a nível local.
Combatentes estrangeiros
A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos acredita que o “Estado Islâmico” pode ter até 31 mil combatentes no Iraque e na Síria – três vezes mais do que se pensava anteriormente.
Entre eles, estão recrutas estrangeiros – cujo número aumentou desde que o “Estado Islâmico” se declarou um califado, dizem os investigadores internacionais.
Dados do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização e Violência Política, com sede em Londres, e o Grupo Soufan, sediado em Nova York, apresentam uma estimativa de que 12 mil combatentes de quase 80 países viajaram para a Síria e o Iraque para lutar com grupos extremistas.
Nota: os dados não levam em conta aqueles que podem ter deixado a região ou morrido em combate
Os dados apontam que cerca de um quarto dos combatentes estrangeiros vêm do Ocidente. A maioria é de países árabes do entorno como Tunísia, Arábia Saudita e Jordânia.
Alguns saíram de países distantes como China, Canadá e Austrália.
Autoridades australianas acreditam que pelo menos 60 cidadãos do país estejam lutando com grupos jihadistas na Síria e no norte do Iraque.
Outras autoridades do país afirmam que o número poderia chegar a 250.
Em 18 de setembro, a polícia de Sydney prendeu 15 pessoas e acusou-as de conspirar para preparar um ataque terrorista após ataques armados por toda a cidade.
Isso ocorreu após relatos de um plano para realizar “assassinatos para exibição” por extremistas islâmicos, incluindo uma decapitação pública.
Refugiados
Cerca de três milhões de pessoas fugiram para o exterior para escapar da guerra na Síria. A maioria foi para o Líbano e a Turquia, mas um número significativo também se dirigiu ao Iraque.
Refugiados sírios pressionaram serviços de infraestrutura local no Iraque, que também está tendo que lidar com o retorno de muitos refugiados iraquianos da Síria.
Além disso, a ONU estima que 1,8 milhão iraquianos foram forçados a deixar suas casas para fugir do conflito com o “Estado Islâmico” e agora estão vivendo em alojamentos temporários no resto do país.
Divisão étnica e religiosa
Os sunitas do Iraque estão cada vez mais desencantados com o que veem como marginalização sistemática deles pelo governo – dominado pelos xiitas em Bagdá.
Eles também se veem como alvo das forças de segurança.
O país abriga uma série de grupos de minorias religiosas que recentemente se viram no meio da violência provocada pela ascensão do “Estado Islâmico”.