O brasileiro Rodrigo Minotauro foi derrotado pelo norte-americano …

O gesto surpreendente de Fernando Alonso, domingo, no momento da bandeirada do GP de Bahrein, não deve ser visto como um episódio isolado. O espanhol campeão do mundo de 2005 e 2006, pela Renault, levantou o braço e celebrou, sarcasticamente, o nono lugar, a 32 segundos do vencedor, Lewis Hamilton, da Mercedes. E não fosse a entrada do safety car essa diferença para Hamilton teria sido muito maior.

Regularmente, Alonso vem emitindo sinais de descontentamento profundo com o time italiano, onde chegou no fim de 2009. O clímax desse desgaste ocorreu no GP da Hungria do ano passado. A Red Bull, equipe que vencia tudo, substituiria o companheiro de Sebastian Vettel, o australiano Mark Webber. E o empresário de Alonso, o espanhol Luis Abad, procurou, sem preocupação em ser discreto, Christian Horner, diretor da Red Bull, para nada menos do que oferecer seu piloto.

No mesmo GP, depois da corrida, Alonso pela primeira vez desferiu críticas sérias aos homens da área de projeto da Ferrari, coordenado pelo grego Nikolas Tombazis, claramente expressando a perda de confiança na sua capacidade de produzir um carro vencedor. O presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, o chamou para uma reunião no dia seguinte, em Maranello, e lhe deu uma cartilha. Nela constava os pré-requisitos para se manter piloto da Ferrari.

A ordem era bem clara: não mais criticar publicamente o grupo italiano. Alonso foi obrigado a acatar, caso contrário, por maior que seja sua importância para a Ferrari, seria dispensado por justa causa, como ocorreu com Alain Prost, em 1991, em pleno campeonato e pelo mesmo motivo. Prost definiu sua Ferrari, a F1 642, como um “caminhão”.

Alonso ganhou de presente para este ano também um companheiro que se pudesse jamais escolheria, o capaz Kimi Raikkonen. Foi outra mensagem de Montezemolo ao espanhol para mostrar quem manda na Ferrari.

O tempo está passando

Dia 29 de julho Alonso vai completar 33 anos de idade. O tempo está passando e já faz sete anos que conquistou seu último título. Pior: a enorme esperança que havia este ano de a Ferrari construir um carro com possibilidade de lutar a Red Bull, diante da mudança radical do regulamento, ao que parece também não deu certo. O modelo T-14, concebido pelo grupo de Tombazis, ficou ainda mais para trás em relação ao time líder, agora a Mercedes.

Depois de três corridas, este ano, Alonso tem 26 pontos, enquanto Nico Rosberg, da Mercedes, já soma 61 e seu companheiro, Hamilton, 50. Até a Force India tem se mostrado mais eficiente que a Ferrari. O alemão Nico Hulkenberg, seu piloto, ocupa a terceira colocação no Mundial, com 28 pontos.

Quando Alonso olha para trás com certeza se assusta. O espanhol é bastante ambicioso. Muitos profissionais da F1 o consideram o piloto mais completo do grid. E ele da mesma forma pensa assim. Não suporta ver a si próprio tão distante da luta pelas vitórias e pole positions sentindo-se o melhor da F1, sem nenhuma modéstia. Essa é a sua personalidade.

A última vitória de Alonso foi ainda no seu país, no ano passado, portanto lá se vão 17 corridas sem subir ao degrau mais alto do pódio. A última pole faz ainda mais tempo: GP da Alemanha de 2012, ou há 32 GPs. Para quem adora estatísticas, ama ver seu nome entre os primeiros nos rankings de performance, isso é um veneno para Alonso. E na sua cabeça, a razão não é ele, mas a Ferrari.

Em 2010, ano de estreia na Ferrari, Alonso quase foi campeão. Chegou à última etapa como líder do Mundial, com cinco vitórias. Terminou em segundo, 4 pontos atrás de Vettel. Em 2011, venceu um GP e não lutou pelo título. Acabou em quarto, a 135 pontos de Vettel. Em 2012 ganhou três corridas e foi vice, a 3 pontos de Vettel. No ano passado obteve duas vitórias, terminou vice de novo, mas a impressionantes 155 pontos de Vettel.

Depois da prova no circuito de Sakhir, domingo, o UOL Esporte perguntou a Alonso, na entrevista coletiva da Ferrari, como via seu momento no campeonato, com seu carro tão mais lento que o da Mercedes. Claramente precisou de um tempo para responder. É provável que buscasse palavras menos contundentes em relação ao que gostaria de dizer. “Temos todos os recursos para mudar essa situação. Cabe a nós. Será preciso introduzir mudanças no carro que o melhorem mais do que nossos adversários vão melhorar os seus.”

Ferrari pede tempo

Montezemolo teve um encontro a sós com Alonso, domingo antes do GP de Bahrein. Não é segredo o que disse a seu brilhante piloto. O carro deste ano ainda foi concebido pelo grupo de técnicos que já não vinha produzindo um modelo capaz de o permitir lutar pelo título, coordenado por Tombazis. Quando os novos contratados chegaram, em setembro do ano passado, para tentar projetar um carro potencialmente campeão, o modelo de 2014 estava quase pronto.

Eles são os ingleses James Allison e o especialista em aerodinâmica Dirk de Beer, os mesmos que fizeram a Lotus, com metade do dinheiro investido pela Ferrari, disputar o título em 2012 e 2013, com Kimi Raikkonen liderando a equipe.

Alonso vai de novo apostar na Ferrari?

Sabe-se que há cláusula de performance no contrato do espanhol com a Ferrari. O que mais se comenta no paddock é que se o time italiano não se classificar entre os três primeiros no campeonato dos construtores Alonso não precisa cumprir o contrato. Provavelmente deve proceder. Esse é uma espécie de modelo de acordo entre grandes pilotos e suas equipes.

A essa altura, início de temporada, Alonso deve estar ainda dando um tempo. Aguardar, por exemplo, até quando a F1 regressar a Europa depois do GP do Canadá, sétimo do calendário, dia 8 de junho. E dependendo do que acontecer nesse período, já que vai dispor de uma segunda versão do modelo T14, começar a discutir com seu empresário quais os possíveis caminhos profissionais que teria.

McLaren, possível opção

A Red Bull não o colocaria nunca ao lado de Vettel. Helmut Mark, consultor dos austríacos, já afirmou. E Marko está bastante satisfeito com sua escolha para a vaga de Webber, o australiano Daniel Ricciardo, a boa surpresa este ano. A Mercedes tem Hamilton e Rosberg e Toto Wolff, diretor dos alemães, não seria louco de mexer na dupla que está até agora dando certo. Quem poderia ser uma opção válida para Alonso é a McLaren.

A vencedora equipe inglesa, de novo sob a supervisão de Ron Dennis e reestruturada, se associou a Honda. A partir de 2015 terá o powertrain (motor e sistemas de recuperação de energia) dos japoneses. Mais: a McLaren receberá investimentos importantes da Honda. Não seria um problema pagar a Alonso os cerca de 20 milhões de euros (R$ 70 milhões) que recebe por ano na Ferrari para liderar o projeto. O espanhol representa a garantia de resultados no caso de ter um carro potencialmente vencedor. 

Na McLaren, Jenson Button é um bom piloto. Mas apenas um bom piloto. Kevin Magnussen, uma grande promessa. Mas ainda uma grande promessa, somente. Se Alonso surgir disponível no mercado não existe a menor dúvida de que as duas partes, McLaren-Honda e Alonso, vão conversar. Haveria interesse recíproco nessa reaproximação.

Alonso assinou com a McLaren para correr as temporadas de 2007, 2008 e 2009. Ao final da primeira, depois de um ano pleno de todos os tipos de desgaste, acabou entrando num acordo com Dennis para deixar a equipe. McLaren e Alonso não desejavam mais seguir com a parceria. O espanhol sentiu-se preterido no grupo. Acusou, sem nenhum fundamento, que o então estreante Hamilton tinha preferências no grupo.

Mas a memória da F1 é curta e quando há interesses em jogo, como pode ser o caso de 2015, tudo fica mesmo no passado.

O que é certo é que a Ferrari tem agora suas últimas chances de segurar um piloto que mesmo com um carro deficiente aparece sempre lá na frente lutando, se não por vitórias ao menos por pódios. Não há outra explicação para Alonso ter sido vice no ano passado e em 2012. A maioria na F1 sabe que o espanhol andou mais que a equipe.

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