“Cada dia que passa mais Estados são atraídos para o conflito: Bahrein, Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Marrocos, Paquistão, Sudão. A situação poderá se transformar em um confronto generalizado entre sunitas e xiitas, e mais tarde — em um conflito ainda mais grave entre os países árabes e o Irã. A campanha militar em curso confirmou a crise emergente das organizações internacionais. A intervenção militar começou sem a autorização do Conselho de Segurança da ONU, mas com o consentimento dos Estados Unidos.”
O Iêmen tem uma posição geográfica importante, por ter acesso ao mar Vermelho e ao golfo de Aden, controlando praticamente o estreito de Bab el-Mandeb, que liga o mar Vermelho ao oceano Índico. Anualmente, mais de 20.000 navios passam por este estreito. É uma das mais movimentadas rotas em todo o mundo, enfatizou Patrushev.“O desejo de mudar o equilíbrio de poder existente na região a favor de alguém pode levar a uma longa guerra”, declarou Patrushev.
A observação vem em meio à operação militar da Arábia Saudita no Iêmen contra os rebeldes xiitas houthis.
Patrushev também destacou que a escalada do conflito armado no Iêmen pode influenciar as negociações sobre o programa nuclear iraniano.
O político russo também enfatizou que a Rússia não tem intenção de mudar a sua posição na questão do programa nuclear devido aos acontecimentos no Iêmen.
No final de janeiro deste ano, o Ansar Allah, o grupo mais conhecido dos houthis, forçou o presidente iemenita e o governo a renunciarem. Posteriormente, os rebeldes xiitas tomaram o controle da capital Sanaa e de várias províncias do norte do país.No final de março, a Arábia Saudita lançou uma operação militar no país vizinho e, desde então, tem bombardeado várias posições dos houthis, deixando muitas vítimas entre a população civil, com o apoio de uma coligação internacional à qual se uniram outros países árabes, como Bahrein, Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Egito, Jordânia, Marrocos, Paquistão e Sudão.
Atualmente, os rebeldes estão lutando contra as forças leais ao presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi (que fugiu para a Arábia Saudita) pelo controle da segunda maior cidade do Iêmen, Aden. A coalizão, por sua vez, está considerando a possibilidade de lançar uma operação terrestre no país.
O especialista Emad Abshenass, redator-chefe do jornal iraniano Iran Press, comentou a situação à emissora Sputnik:
“Não se pode de maneira nenhuma falar de qualquer envolvimento do Irã no conflito no Iêmen. Sim, o Irã mostra apoio político às forças que considera necessárias ao abrigo da sua estratégia de política externa.
A opinião do fugitivo presidente iemenita é ditada pela pressão exercida sobre ele por Riad, na verdade ele agora é praticamente o “porta-voz” saudita. Ele não se preocupa com os problemas internos do país, embora ainda se considere presidente legítimo, entre outras coisas.”
O especialista comentou assim as ações do presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi (que fugiu para a Arábia Saudita):
“É Hadi que levou o país ao estado de revolução por não ter resolvido nenhuma das muitas questões sociais dos últimos anos. Não é nada de estranho, portanto, que ele tenha perdido todo o apoio do público que tinha no seu país. E agora vemos o caos reinante no país, e até mesmo sinais evidentes de interferência externa aberta: a Arábia Saudita utiliza habilmente a janela de oportunidade para uma intervenção militar. Riad ao longo do século passado recorreu a esse truque já por 10-12 vezes, pelo menos.”