Países aliados da Arábia Saudita rompem com Irã


Em Bagdá, manifestantes protestam contra a execução de líder xiita. Desde o último sábado, a crise com o Irã se acirrou
( FOTO: THAIER AL SUDANI/REUTERS )

Madri. Bahrein, Sudão e Emirados Árabes Unidos somaram-se à Arábia Saudita ontem e afastaram-se diplomaticamente do Irã, após uma série de medidas que podem aprofundar disputas sectárias no Oriente Médio.

A Arábia Saudita, país de maioria sunita, havia rompido no domingo (3) os laços com o Irã, de maioria xiita, após ataque a sua embaixada em Teerã.

Os sauditas foram seguidos um dia depois por Bahrein, de maioria xiita mas governado por sunitas, e pelo Sudão, de maioria sunita, que também cortaram laços com o governo iraniano. Os Emirados Árabes Unidos (EAU), lar de centenas de milhares de iranianos, rebaixaram parcialmente suas relações, mas os demais países árabes do Golfo – Kuweit, Catar e Omã – estão em cima do muro.

Autoridades sauditas, ademais, afirmaram que irão interromper todo o tráfego aéreo e o comércio com o Irã até que essa nação passe a agir “como um país normal”.

Segundo o chanceler saudita Adel al-Jubeir, fiéis iranianos ainda poderão visitar a Arábia Saudita em peregrinações à cidade sagrada de Meca -uma das preocupações imediatas surgidas durante a crise atual. Não está claro, porém, como o ritual poderá ser realizado em meio à tensão política. O Irã, por exemplo, não enviou peregrinos a Meca em períodos anteriores de crise.

Aliados da Arábia Saudita acusam o Irã de interferência na região. Esse país apoia, por exemplo, o regime sírio e a milícia xiita libanesa Hezbollah. Mas a Arábia Saudita igualmente interfere em seus vizinhos, bombardeando, por exemplo, uma milícia xiita no Iêmen. Os sauditas, além disso, deram auxílio ao Bahrein na repressão a protestos da maioria xiita em 2011, durante a Primavera Árabe.

Líder executado

Esta crise diplomática teve início após a execução de Nimr, que criticava o tratamento da minoria na Arábia Saudita. A morte levou a protestos entre populações xiitas. Em seguida, a embaixada saudita e um consulado foram atacados.

Há um desconforto histórico entre sunitas e xiitas, o que por vezes leva esses embates a serem entendidos como uma guerra religiosa. Mas as disputas entre ambas as potências estão inseridas em contexto mais amplo, com desavenças políticas e ansiedades vindas de ambos os lados por maior influência no Oriente Médio. Enquanto a Arábia Saudita apoia rebeldes na disputa contra o ditador sírio Bashar Al Assad, o Irã é aliado do regime sírio.

Disputa

A Arábia Saudita reuniu ontem aliados em disputa diplomática cada vez maior contra o Irã, aprofundando a divisão sectária na região. O ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, acusou o Irã de criar “células terroristas” entre as minorias xiitas sauditas.

O Irã exaltou Nimr como um “mártir” e advertiu a família Al Saud, que está no governo da Arábia Saudita, sobre uma “vingança divina”.

Outras manifestações

EUA e França pediram que Arábia Saudita e Irã mostrem moderação na crise. “Continuamos preocupados com a necessidade dos iranianos e sauditas de reduzirem as tensões da situação”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.

A Liga Árabe convocou reunião de emergência para domingo (10), a pedido dos sauditas, para discutir ataques a representações diplomáticas.

O enviado das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, vai a Riad e, em seguida, a Teerã, anunciou a ONU. A crise ameaça a continuação do processo frágil iniciado pela comunidade internacional para encontrar uma solução política para a guerra síria.

Fique por dentro

O que diferencia muçulmanos sunitas e xiitas

Sunismo e xiismo são correntes distintas entre muçulmanos, que divergem em relação à sucessão do profeta Maomé. Ambas compartilham muitas crenças e práticas, incluindo os cinco pilares do Islã, entre eles a peregrinação a Meca e as cinco orações diárias. Os xiitas classificam Ali como o primeiro sucessor do profeta e o consideram, como seus onze sucessores (imãs), modelos a serem seguidos. Os muçulmanos sunitas consideram quatro sucessores do profeta como os califas “corretamente orientados” e não dão significado específico aos líderes seguintes. Segundo estudo do centro Pew de 2015, há pouco menos de 1,6 bilhão de muçulmanos no mundo, dos quais 90% são sunitas.

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