Região desértica de Ningxia é cartão de visita chinês para islâmicos

Antes de embarcar para Yinchuan, o empresário do Bahrein Abdul Kooheji imaginou-se num hotel de duas estrelas no interior da China.

Mas desceu num aeroporto moderno, transitou por avenidas largas, ficou num cinco estrelas de uma rede americana e foi atendido por intérpretes muçulmanos chineses fluentes em árabe.

“Foi realmente uma surpresa. A cidade é moderna e muito bonita, e as pessoas, extremamente amigáveis”, disse Kooheji, um entre centenas de representantes de países muçulmanos que participaram do 3º Fórum Econômico e de Comércio entre a China e Estados Árabes.

Com 1,2 milhão de habitantes, Yinchuan é capital de Ningxia, uma das cinco regiões (nominalmente) autônomas da China que abrigam grandes populações de minorias –36% dos 6,4 milhões de habitantes são hui, ou chineses muçulmanos.

Tranquila, a cidade, que abriga o fórum anualmente, vem sendo promovida como cartão de visitas do “soft power” (poder de ideias) chinês para os países muçulmanos.

Diferentemente dos uigures, irrequieta minoria muçulmana no noroeste do país com forte sentimento nacionalista, os hui têm o mandarim (chinês) como língua e estão bem integrados.

“Em Xinjiang [região que concentra uigures], os líderes ensinam ideias erradas para confrontar os han [maioria étnica chinesa]”, diz o imã Ma Zhan Wen, 38, da mesquita Xihuan. “Nós temos uma relação harmoniosa, e todos os anos o governo treina os nossos membros para interagir com os han.”

Durante o encontro, realizado na semana passada em um enorme centro de convenções construído em estilo árabe, os visitantes –1.046 de 71 países, segundo a organização– foram levados a conhecer negócios administrados por empresários hui e as várias mesquitas da região.

Muitos viajaram diretamente de Dubai, distância percorrida em 10 horas.

“A China e os países árabes são ambos criadores de civilizações, a rota da seda nos uniu”, discursou na abertura o vice-premiê Li Keqiang, que nas próximas semanas deve ser confirmado como o novo premiê chinês.

Li mencionou que o comércio com os países árabes chegou a US$ 200 bilhões em 2011 (crescimento de 35% sobre 2010), enquanto os investimentos cresceram oito vezes em dez anos.

MARCHA PARA O OESTE

As obras de infraestrutura em Yinchuan e a aproximação com países muçulmanos fazem parte da estratégia do governo chinês para desenvolver o oeste do país, bem mais pobre do que a região costeira, onde estão Xangai, Pequim e Guangzhou.

Apesar de representar 70% do território chinês, o oeste tem apenas 30% da população e menos de 20% do PIB.

Em Ningxia, um dos objetivos é desenvolver a crescente agroindústria halal (preparada segundo os preceitos muçulmanos). Na feira montada em paralelo ao fórum, a maioria dos estandes locais exibia produtos alimentícios.

“Na volta, recomendarei a compra de ovelhas”, disse Kooheji, que estava representando a câmara de comércio de seu país.

O jornalista FABIANO MAISONNAVE viajou a convite do governo de Ningxia.

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