Política externa dos Estados Unidos falha também no Golfo Pérsico

6/3/2014 12:49

Por Redação, com agências internacionais – do Bahrein

O CCG, que reúne representantes dos países do Golfo Pérsico, está dividido e, com isso, os EUA enfrentam novas dificuldades no Oriente Médio

O CCG, que reúne representantes dos países do Golfo Pérsico, está dividido e, com isso, os EUA enfrentam novas dificuldades no Oriente Médio

A lista de dificuldades dos Estados Unidos no Oriente Médio aumentou, nesta quinta-feira, após a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein confirmarem o afastamento do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), instituição agora acusada de apoiar os muçulmanos sunitas ligados à al-Qaeda na Síria com armas e suprimentos, desde o início da guerra civil naquele país. Uma série de discordâncias internas levou os três principais reinos árabes a chamar os respetivos embaixadores no Qatar.

Os três membros do Conselho acusam Doha de apoiar ativamente os movimentos islamitas, nomeadamente a Irmandade Muçulmana, o que consideram uma ingerência nos assuntos internos dos diferentes países. Criado em 1981, o CCG reúne seis petromonarquias da região – Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (que reúnem sete emirados: Dubai, mas também Abu Dhabi, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah) – decididas a fazer frente à república islâmica do Irã.

– Neste dossiê onde as tensões não datam de ontem, a condenação, há dois dias, em Dubai, a sete anos de prisão do cidadão catari Ahmoud Abdel Rahmane al-Jidah, por um tribunal dos Emirados Árabes Unidos, não veio ajudar em nada. Esta fratura entre Doha e os vizinhos do Golfo marca o princípio do fim da aliança das nações pró-Ocidente, que apoiam os EUA desde os anos 80 – disse o correspondente da agência belga de notícias Euronews no Dubai, François Chignac.

A correspondente da Euronews no Qatar, Maha Barada, completa o pensamento de Chignac:

– A resposta oficial aqui, em Doha, foi a ‘surpresa’. Em comunicado, o Qatar fez saber que não vai chamar os seus embaixadores, acrescentando que continua empenhado na ‘segurança e na estabilidade’ do Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico. Todos os olhos estão agora postos no Kuwait, igualmente membro do Conselho, de onde se espera a reação do jovem emir.

Armamento militar

Desde a década de 80, os EUA tentam firmar uma frente anti-Irã nos países árabes no Golfo Persa. O CCG, fundado em 1981, incluía Bahrain, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O braço militar do CCG, o escudo peninsular, foi formado sob orientação dos EUA e como uma grande feira cativa para a venda de armas fabricadas nos EUA:

– Gostaríamos de expandir nossa cooperação de segurança com parceiros na região, trabalhando de forma coordenada com o CCG, inclusive mediante a venda de artigos norte-americanos de defesa, através do CCG, como organização. Esse é um passo adiante natural, para melhorar a colaboração EUA-CCG, e permitirá que o CCG adquira capacidades militares críticas, inclusive itens para defesa com mísseis balísticos, segurança marítima e contraterrorismo − disse o secretário norte-americano de Defesa, Chuck Hagel

Nos últimos dez anos, segundo Hagel, a venda de armamento militar avançado dos EUA às nações do CCG alterou o equilíbrio militar a favor do CCG e contra o Irã.

A retirada dos embaixadores da Arábia Saudita, Bahrain e os Emirados Árabes Unidos na véspera, como protesto contra a interferência do Qatar em seus assuntos internos, em uma declaração conjunta, no entanto, minam de forma consistente os esforços norte-americanos, o que envolve um aumento nas dificuldades também na Síria, com a perda de apoio aos radicais muçulmanos contrários ao regime secular de Bashar Al Assad.

Os três países árabes do Golfo tomaram a decisão, depois do que os jornais descreveram como “reunião tempestuosa” em Riad, tarde da noite, na 3ª-feira, entre os ministros de Relações Exteriores das seis nações que formam o CCG. Os países do GCC “empreenderam esforços massivos para entenderem-se com o Qatar, em vários níveis, para chegar a uma política unificada (…) para garantir a não interferência, direta ou indireta, nos assuntos internos de cada um dos estados membros” – diz a declaração.

Nova falha dos EUA

As nações também pediram ao Qatar, apoiador do movimento da Fraternidade Muçulmana, banido na maioria dos Estados do Golfo, que “não apoie qualquer partido que ameace a segurança e a estabilidade de qualquer membro do CCG” – citando, em particular, as campanhas pela imprensa contra aqueles membros.

A declaração diz que, apesar de o emir do Qatar , Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, ter-se comprometido com esses princípios, em mini-cúpula realizada em Riad em novembro, com o emir do Kuwait e o monarca saudita, o Qatar não cumpriu o compromisso que assumiu. Os investimentos do Golfo em empresas do Qatar caíram depois de divulgada a declaração, mas o Qatar ainda tem alguns instrumentos de pressão, porque fornece gás natural aos Emirados Árabes Unidos. Kuwait e Omã, também membros do CCG, ainda não convocaram seus embaixadores, segundo o site norte-americano Defense News.

Qatar e Arábia Saudita vêm lutando pela liderança do “arquivo sírio”, em torno de interpretações ideológicas do Islã, mas também em torno da posição anti-Irã fanática da Arábia Saudita. Omã é outro país que não adere muito firmemente à posição anti-Irã liderada por EUA/sauditas, no CCG. Agora, os EUA têm em mãos mais um grande problema de política exterior. Os norte-americano, com este novo desafio, apresentam uma nova falha no front externo, o que tem ocorrido em todas as frentes onde tentam unir seus “aliados” em campanha contra governos não alinhados.

Na Europa, os “aliados” dos EUA discordam quanto a possíveis sanções contra a Rússia, e não seguirão o comando anti-Rússia que os EUA preferem. No sudeste da Ásia, os “aliados” dos EUA, Coreia do Sul e Japão batem cabeça um contra o outro, e não acompanharão os EUA em sua campanha anti-China. Agora, com o CCG rachado, a campanha anti-Irã comandada pelos EUA no Golfo parece também estar fazendo água.

As aspirações de política externa de total dominação pelos EUA enfrentam dificuldades, com os “aliados” cuidando cada vez mais dos próprios interesses, em vez de acompanhar a liderança tantas vezes díspar de Washington.

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